Solidão
É estar junto e não conviver
Ilusão de pertencimento pedindo um pouco de atenção.
Solidão é doar-se ao descaso
E ter-se por companhia a falta... uma ausência fria.
Seja de noite ou de dia
Descobrir que não há eco ou reflexo
Em nada que saia de si.
Gestos doces, vontade, desespero ou agressão,
Em tudo a mesma ressonância:
Tudo é nada... tudo é vão.
É estar, sem ter presença,
Ter nos braços vazios, pedintes de abraço e ternura
Nenhuma esperança ou ventura.
É ver estampada na face, a cada dia que passa...
Entalhada e irreversível, a aridez recebida.
É o gesto não refletido, o carinho desdenhado.
Cuidar que está acertando, pisando o caminho errado.
Um amontoado de desencantos apartando a alegria
Entorpecendo a esperança de um dia, felicidade.
É olhar em volta e apalpar a geleira...a sequidão.
É não entender esse exílio e abarrotar-se de culpas
Que possam justificar o castigo, a desilusão.
Merecido esse castigo (só pode ser!)
Culpas criadas para afugentar a insanidade... ao menos explicação!
Inexistentes culpas, talvez, mas olha: tomara que não!
Solidão é não vislumbrar um futuro;
Revirar a mente – passado e presente
Buscando um dia ao menos
Em que tenha se realizado...
Em que tenha sido feliz;
E encontrar ofegante um coração desolado
Ouvindo pasmo, assustado
Um eco que grita insistente:
Meu Deus! O que foi que eu fiz ?
Não sei responder...Nunca soube...