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Distância...



Ausência de Você

Não era apenas a ausência que lhe doía no peito. Saber que ela estava tão longe e que estaria ainda por tanto tempo era como olhar um barco no horizonte e saber que ele estaria a cada minuto mais longe. Milhas e milhas de distância, até que a maré virasse e o barco lentamente voltasse para o cais. Assim viviam suas vidas hoje. Numa eterna espera. Tudo o que era necessário dizer já havia sido dito. As ações já haviam sido tomadas. As palavras já haviam sido escritas e re-escritas, entre eles já estava tudo definido e acertado, agora restava apenas o tempo.

O tempo que custava a passar e que se tornara lento e cruel. Nunca havia percebido tão claramente a lentidão dos minutos. Nunca os dias lhe pareceram tão vagarosos. Nunca os meses demoraram tanto para passar.

Mas mais difícil era aceitar a situação em que se encontravam. A impotência de não conseguir mudar uma situação fazia um músculo de sua têmpora latejar todo o tempo. Saber que não bastava querer, amar, desejar. Não bastava apenas a sua vontade, ou a dela. Tantos outros estavam envolvidos. Tantas vidas que se imiscuíam entre as suas. Tantos que iriam pagar por seu amor. Ele sabia que sua vontade não bastava, mas mesmo assim se revoltava e inconformado continuava a esperar.

Eles se amavam e queriam estar juntos, se buscavam e sentiam a falta um do outro, mas a vida os colocara em xeque. A distância, os trabalhos, a família, os desejos, a carreira, o diabo. Por quê? Por que foram se amar? Por que, entre tantos casais tão improváveis haviam os dois se apaixonado pelo mais improvável de todos. Mas a espera era necessária e ambos assim o sabiam. Era mais uma prova a testar seu amor. Era mais um sacrifício que tinham que fazer para, no momento correto, estarem finalmente juntos. Definitivamente. Paciência. Essa era a palavra. Esse era o ensinamento. Essa era a virtude que deveriam exercitar.

Uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Por um momento ele achou que iria chorar por sua ausência mas, mais uma vez, fez-se forte e conteve a torrente de emoções que lhe oprimia o coração. Pensou nela. Seu lindo rosto sorriu dentro de sua mente e o fez feliz. Era o que sempre fazia quando a sua falta se tornava opressora demais. Mais lágrimas correram, mas ele agora sorria. A lembrança de sua amada era sempre o melhor bálsamo para sua dor. Em sua mente disse seu nome. Na lembrança ouviu sua voz. A intensidade com que a amava lhe trazia a força necessária para resistir. Ele sabia que anos ainda poderiam se passar antes de finalmente tê-la para si, mas estava disposto a esperar.

Ambos estavam.

Por Márcio Severo.

Gostei deste texto, sei que dor é essa. Sei o que é ser "consumida pelo desespero" de não poder estar com quem se ama. Sei que telefone, msn, etc...aplacam a dor da distância... Mas ao mesmo tempo, faz doer mais ainda, porque você toma consciência de que a pessoa está longe. Que o "beijo" mandado no final poderia estar sendo dado ali, naquele momento. Quantas vezes chorei e não consegui terminar de falar ao telefone, por causa da dor da ausência???? Nossa, nem sei quantas... E cada lágrima derramada me fez ter a certeza de que deveria continuar acreditando... Porque eu sabia que tinha acertado. Sabia que tinha achado "a pessoa". Mas faz amadurecer. Embora nos sintamos injustiçados, doloridos, revoltados... O universo conspira ao nosso favor, se for amor de verdade. Eu não acreditava nisso... mas hoje posso dizer que é verdade.

Amores idealizados! Amar a distância... São tantas expectativas projetadas... Tudo fica tão romântico... Profundo... Perfeito.....

Ainda existe amor à distância sim. E pode acontecer com qualquer um. E ser perfeito, sim. Só é preciso querer, e acreditar. Nada mais que isso.
Beijos...

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