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O espetáculo precisa continuar. E desde sempre neste mundo, a inocência não freqüenta o palco. Na era da comunicação, tudo se transforma rapidamente e a metamorfose ocorre diante dos olhos dos espectadores.
Assim, a arena das mais radicais mutações nas últimas décadas esteve localizada nos meios de comunicação e, não à toa, tudo o que acontece nesse terreno têm resultado direto na economia de mercado. A mídia enquanto indutora e construtora de novos modelos de comportamento e de consumo tem sido o eixo central do salto qualitativo para que tenha sido alcançado o “estágio pós industrial” da economia. Uma ligação estrutural, porquanto a sociedade de consumo depende do fluxo de necessidades e do despertar contínuo dos desejos para que se mantenha o equilíbrio entre a procura e as necessidades próprias da produção.
Através dessas mensagens, com potência e influência inéditas na história da Humanidade, trafegam conceitos, idéias, propostas que ao atingir a ampla parcela de homens e mulheres dos mais diferentes segmentos, tem como conseqüência não só uma padronização e uniformização do comportamento e dos anseios como também uma transformação profunda da influência dos detentores das marcas ou signos que as expressam.
A história da comunicação humana, desde os tempos dos copistas dos conventos medievais de antes da invenção da imprensa, é marcada pela concentração do poder na atividade de veiculação. De forma que o crescimento do valor agregado na engrenagem da produção de mensagens também iria naturalmente aumentar o nível de concentração da propriedade nos meios de difusão.
Este sistema teve, no entanto e como sempre, um fenômeno que lhe balançou as bases, uma das mais instigante revoluções nos meios de comunicação – o advento da internet.
Como nunca e a custos nunca antes experimentados, multiplicam-se centros geradores de mensagens e informação. E como o jogo é interativo, envolve intensa troca de mensagens em texto, sons e imagens. Vários ramos de negócio sentem logo o seu efeito, particularmente a indústria cultural e o turismo, confirmando a tese inicial deste artigo – a profunda dependência estrutural para com os meios de comunicação, muito além do que se reconhece nos manuais de marketing.
Vivemos, no período da bolha, as apostas e os “leilões” do futuro, para regozijo de alguns e decepção de muitos. No entanto, com esses anos já transcorridos, agora é possível descortinar um pouco melhor se não o futuro mas pelo menos quais são os focos de disputas e os movimentos estruturais.
Cabe então também notar que o caráter interativo evidencia outra característica do novo paradigma da comunicação: a possibilidade de declarar e procurar na rede o conteúdo de interesse e não receber passivamente as mensagens escolhidas, por exemplo, pela programação da mídia convencional. Neste mecanismo, “a Busca”, se encontra hoje o elemento estruturante, o terreno de embate e a nova concentração de poder no processo de comunicação contemporâneo.
Através da busca, a relevância é “revelada”, o tráfego é obtido, a liderança e a primazia da mensagem são alcançadas. Pois desloca-se os custos e o poder – antes concentrados na produção e na veiculação, hoje na obtenção da “relevância”.
Claro está que os critérios de relevância são o coração e o mais bem guardado segredo das empresas que constituem-se no oligopólio mundial da busca, Google e Yahoo. E não por acaso assistimos uma feroz concorrência com grandes marcas como Microsoft e a própria Google buscando obter o monopólio em soluções de busca.
Hoje entre as principais marcas do mundo, essas duas gigantes aparentemente darão a tônica do novo paradigma da comunicação – o critério de relevância e a obtenção da visibilidade no meio de comunicação que em breve será o dominante. A discussão a ser feita agora na sociedade é de quais são os critérios para a definição da relevância e qual será a participação da opinião pública neste “rankeamento”. A tarefa de estabelecer e implementar políticas, regras e práticas de relevância são importantes demais para ser executada pela direção de uma só empresa.
Embora o exemplo abaixo não seja o ideal na questão da pesquisa, vale como analogia. Vejam como a comunicação de algo pode ser difícil. Algo semelhante ocorre com a comunicação na pesquisa. Quando escreveres pense como a outra pessoa entenderá o que você disse ou quis dizer. Em geral, pensamos ser mais claros do realmente somos. Se Dan Sperber (2006), antropólogo inglês com trabalhos na área da lingüística, estiver certo então nossa comunicação corre sempre sérios riscos de não ser compreendida. Ele diz: “a comunicação humana não é uma atividade que falha apenas quando existe um ruído no canal de comunicação, mas é sobretudo uma atividade com riscos e fracassos constantes”. Trate com carinho e cuidado sua comunicação.

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